Líderes de multinacionais e PME tecnológicas não têm dúvidas de que o setor no qual operam terá um papel crucial na recuperação do país, desenvolvendo software, fornecendo serviços e disponibilizando produtos digitais e descentralizando talento para as zonas interiores do país.
Quais são as principais oportunidades da retoma da economia e como podem ser aproveitadas?
Para David Faustino, Managing Director da Nexllence, esta retoma da economia é diferente das anteriores, não só pelo seu valor percentual, mas sobretudo porque surge num Mundo mais globalizado e que será cada vez mais global.
As empresas deverão:
- Identificar aquilo em que realmente são boas e distintivas, pois a competição vai ser cada vez mais global, e ser “mediano” não será suficiente para sobreviver.
- Tomar consciência de que o seu mercado pode (e deve) ser global. Todos nós recebemos produtos nas nossas casas que são originários de todo o Mundo, vendidos por canais digitais. Mesmo empresas tradicionais do setor alimentar no interior do país, com produtos de boa qualidade, podem vender os seus produtos à escala global, porque este mercado é enorme e o acesso aos consumidores é hoje feito de forma digital.
- Alterar a cultura da organização para pensar e agir de forma global e digital. Isto implica compreender o potencial e os mecanismos do marketing e vendas digitais (que vão muito para além das redes sociais e da Amazon), melhorar a qualidade para servir clientes mais exigentes, conhecer outras culturas para compreender as suas expectativas e necessidades, e assumir riscos. Há uma imensidão de desafios e oportunidades nesta área, e a boa notícia é que a esmagadora maioria das empresas, em todo o Mundo, ainda está a aprender.
- As empresas deverão resistir à tentação de voltar ao “velho normal” do trabalho “on-site”. As expectativas das pessoas mudaram, e num mercado em luta por talento, este vai acumular-se nas empresas que acolham as suas expectativas. Serão estas as que irão prosperar. A administração pública por seu lado tem uma oportunidade para simplificar processos e interações com as empresas e cidadãos, de modo a potenciar o crescimento económico e a redução da prestação de serviços do Estado, e deverá também continuar a atrair investimento e população qualificada, tendo o cuidado de não discriminar positivamente e em excesso o investimento estrangeiro comparativamente ao nacional.
Fonte: Jornal Económico (Meio Físico)